domingo, 18 de março de 2018

Venda de TVs deve crescer 22% com Copa

Foram comercializados 10,4 milhões de aparelhos em 2017, 21% a mais que em 2016



Maria Cristina Frias, Folha de São Paulo

Aparelhos de TV em loja de departamento - Rubens Cavallari - 19.ago.2011/Folhapress
A Copa do Mundo da Rússia, que começa em 88 dias, deverá contribuir para um aumento de 22% do volume de televisores vendidos no Brasil neste ano, segundo a consultoria GfK, que audita o segmento.
Foram comercializadas 10,4 milhões de unidades em 2017, um incremento de 21% em relação a 2016.
“O crescimento já foi de 23% em janeiro [de 2018]. Somente a Copa deverá ser responsável por uma alta de 8% no ano”, diz Gisela Pougy, diretora da consultoria.
As fabricantes do setor se beneficiam não só por aumentar o volume vendido como também por uma rentabilidade maior, porque a demanda por itens mais caros sobe nos anos do evento esportivo, afirma.
Grande parte das vendas costuma ficar concentrada no segundo semestre, mas quando há Copa do Mundo, o cenário muda, segundo Erico Traldi, diretor da Samsung.
“Há uma inversão. O fim do ano continua com muitos eventos importantes, como a Black Friday, mas o que costuma acontecer é uma antecipação das compras [pelos consumidores].”
Alguns fatores poderão equilibrar o mercado e evitar uma queda no segundo semestre, afirma Kleber Carante, da Semp TCL, que prevê uma alta de 35% neste ano.
“Temos uma situação específica em 2018 que é o desligamento do sinal analógico em várias cidades, algo que começou no ano passado. Essa transição sempre impulsiona o mercado.”
Topo da pirâmide
A contratação de executivos de alto escalão teve aumento no ano passado, segundo consultorias de recrutamento.
O número de admissões foi 17% maior que o de 2016 e os salários cresceram 3%, apontam dados da Page Executive.
“Em 2017, foram mais trocas por performance. Neste início de ano, tivemos 39% mais postos, motivados por crescimento econômico”, diz o diretor, Leandro Muniz.
A Robert Half recrutou entre 5% e 7% mais profissionais no período. Agronegócio, varejo e setor químico demandaram mais profissionais. Os salários permaneceram estáveis.
O aumento foi de 5% em 2017 para a Exec. O segmento de bens de consumo foi responsável por 18,4% das 400 admissões.
A remuneração, de acordo com a consultoria, avançou 15% no ano e o salário médio foi de R$ 45 mil.
“As companhias têm concentrado processos seletivos neste semestre devido à insegurança causada pela eleição”,diz André Freire, sócio.
Papel com tinta fresca
Simpress, que fornece serviços de impressão para empresas, vai investir R$ 90 milhões para adquirir novos equipamentos, segundo o presidente, Vittorio Danesi.
Cerca de 60% do montante será destinado à renovação das impressoras, e o restante será necessário para atender aos novos contratos, diz ele. O valor é R$ 20 milhões superior ao aportado em 2017.
“Desde setembro enxergamos uma evolução. Vários setores que tinham reduzido sua atividade de maneira muito expressiva, como a indústria automobilística e a construção civil, têm aumentado [a demanda].”
110 mil
são as máquinas e impressoras da Simpress instaladas em outras empresas
1.600
são os funcionários
Puro malte
Os brasileiros migraram para marcas mais baratas de produtos de limpeza e para mais caras de bebidas, diz a consultoria McKinsey.
O levantamento, que foca o ano de 2017, mostra que as pessoas buscaram economizar mais no período e por isso mudaram seu padrão de consumo de alguns produtos.
Os compradores ainda estão muito cautelosos, diz Tracy Francis, sócia da empresa. 
Por essa razão, vários adotaram práticas como comprar quantidades menores das marcas às quais estão habituados, ou buscaram lojas com preços promocionais para seguir adquirindo os mesmoprodutos. 
No mesmo período, houve um movimento contrário em relação a cervejas: as de categoria premium, de preço mais elevado, ganharam espaço.
“As linhas sofisticadas já respondem por 13% do mercado”, afirma Paulo Petroni, diretor da CervBrasil, que reúne as principais produtoras. “Vemos uma sofisticação no paladar do público”, diz. 
Consumo eletrônico
A venda de bens eletrônicos duráveis cresceu 11% em 2017, em relação a 2016, segundo a consultoria GfK.
A categoria inclui telefonia, informática, portáteis (como liquidificadores e aspiradores de pó), eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Só os smartphones representam cerca de 40% do valor total.
A maior variação foi registrada no segmento de computadores, que subiu 17%, e a menor, no de fogões, geladeiras e máquinas de lavar, que cresceu 9%. Os dados serão divulgados nesta terça (20).
Cúpula... O Comitê de Acompanhamento Macroeconômico da Anbima (de mercado de capitais) prevê queda da inflação de 3,9% para 3,6% neste ano, uma vez que os últimos dados ficaram abaixo do previsto.
...otimista Também estima que a taxa básica de juros (Selic) será fixada em 6,5% na próxima reunião do Copom (comitê de política monetária).
Bolsa... A captação de dívida por parte das empresas nos dois primeiros meses de 2018 atingiu R$ 18,6 bilhões, considerando debêntures, CRI, CRA, FIDC e notas comerciais, segundo a B3
...de papel O resultado é 79% maior do que o do mesmo período de 2017 (R$ 10,4 bilhões). No acumulado do ano, foram R$ 150 bilhões captados.Loading

Com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi, Ivan Martínez-Vargas e Diana Lott
Mercado Aberto
Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto