quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Odebrecht apresenta a Moro e-mails como provas contra Lula

João Pedroso de Campos, Veja



Anexadas no processo sobre o sítio de Atibaia, mensagens tratam também de prédio ao Instituto Lula e de conta-corrente de propina com Palocci


O empresário Marcelo Odebrecht anexou a um processo da Operação Lava Jatoque tem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre os réus novos e-mails com referências a valores supostamente pagos pela Odebrecht ao petista. A defesa de Marcelo alega que ele só pôde reunir o material depois que progrediu ao regime semiaberto e teve acesso a dados de seu computador pessoal. O conteúdo comprovaria o relatos do empresário em sua delação premiada.
Incluídos no processo referente ao sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), os e-mails tratam de obras na propriedade rural, da compra de um prédio ao Instituto Lula, em São Paulo, que baseia outro processo da Lava Jato, além de pagamentos destinados a Lula por meio da “conta corrente de propinas” mantida entre a Odebrecht e o ex-ministro Antonio Palocci, identificado como “Italiano” nas planilhas da empreiteira.
Em 21 de junho de 2011, Odebrecht dá uma orientação ao executivo Luiz Antonio Mameri que indicaria que Lula sabia da conta de propinas com Palocci. “Qd mencionar ao amigo de BJ que o acerto do evento foi com Italiano/amigo de meu pai, e não com PT, importante não mencionar nada sobre minha conta corrente com Italiano pois só ele e amigo de meu pai sabem [sic.]”.
Segundo os delatores da empreiteira, menções a “amigo” ou “amigo de EO” correspondiam ao ex-presidente, que seria amigo de Emílio Odebrecht, pai de Marcelo. Na petição encaminhada pelos defensores do empresário ao juiz federal Sergio Moro, os defensores dele afirmam que a mensagem “reforça o conhecimento de Lula sobre a ‘conta-corrente’ mantida com Antônio Palocci (Italiano)”.
Em 22 de agosto de 2012, Marcelo Odebrecht comunica a Hilberto Mascarenhas, diretor do setor de propinas da Odebrecht, e a Benedicto Junior, ex-diretor da empreiteira, que combinou com Palocci um pagamento de 15 milhões de reais “para cobrir pedidos do amigo meu pai (sem que ele saiba que usamos o credito) o que inclui palestras, jato… [sic.]”.
Sobre o sítio de Atibaia, frequentado pela família Lula da Silva e supostamente reformado por Odebrecht, OAS e Schahin ao custo de 1 milhão de reais, a defesa de Marcelo Odebrecht sustenta que os e-mails “contêm citações diretas” à propriedade, “demonstrando em que medida o Colaborador tomou conhecimento sobre o assunto, ao final, já na fase de conclusão e entrega da obra”.
Em uma mensagem enviada aos executivos Alexandrino Alencar, Carlos Armando Paschoal e Benedicto Júnior em dezembro de 2010, Odebrecht indaga sobre se seria possível cumprir o prazo de entrega, combinado para o dia 15 de janeiro. “REFORMA Piscina (ainda sem laje), Suites ainda sendo rebocadas, Sauna a ser contratada. Nos nos comprometemos com 15/1 ou seria mais seguro dizer ate o final de janeiro, tentando antecipar? [sic.]”, pergunta.
Paschoal, conhecido como CAP, responde que “a equipe informou hoje pela manha que esta tudo conforme programado. O mais importante nesse tipo de obra e’ que não ha indefinicoes por parte do proprietario. Eu diria que temos como meta o dia 15 e não havendo imprevistos a alcancaremos. Temos um eng senior (Fred) que se instalou em Atibaia e esta’ cuidando pessoalmente do assunto com equipe de sua confiança [sic.]”.
Já em relação ao prédio que abrigaria o Instituto Lula mas acabou descartado, comprado pela Odebrecht através de uma empresa “laranja”, a DAG Construtora, por 12,5 milhões de reais, Marcelo Odebrecht apresentou e-mails trocados entre ele e Branislav Kontic, assessor de Antonio Palocci. Nas correspondências, o empresário pede orientações sobre as tratativas para a aquisição do imóvel, que, segundo o Ministério Público Federal (MPF), envolveram, além de Palocci, o advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, e o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente.
Em e-mail datado de 19 de agosto de 2010, Odebrecht pede a Kontic que lembre Palocci de marcar um encontro “com o advogado sobre o prédio”. “Advogado”, conforme o empresário, é Teixeira. Já em 4 de novembro de 2010, o empreiteiro diz que precisa “mandar um paper para o Chefe pedindo orientacoes sobre o Predio [sic.]” e indaga se deveria enviar o documento a São Paulo ou a Brasília.
Na mensagem encaminhada pelo ex-presidente da Odebrecht Realizações Imobiliárias Paulo Melo a Marcelo Odebrecht, Hilberto Mascarenhas e outros quatro executivos, três dos quais do setor de propinas, em 8 de setembro de 2010, Melo informa sobre pagamentos que deveriam ser contabilizados no “Projeto Institucional SP”, uma referência à compra do prédio para o Instituto Lula. As três parcelas, distribuídas entre os dias 23 e 30 de setembro e 7 de outubro, deveriam ser de 1.057.920 reais cada uma. Estes valores, conforme o MPF, foram utilizados na aquisição do imóvel. Como resposta, Marcelo orienta a Mascarenhas: “somar a conta/credito do Italiano [sic.]”.
Na petição encaminhada a Sergio Moro, os defensores do empreiteiro alegam que os e-mails “corroboram pagamentos para a compra do terreno do ‘Instituto Lula’, explicitando claramente que foram debitados da Planilha Italiano”.
Leia aquiaqui e aqui a íntegra dos documentos anexados ao processo nesta quarta-feira.

Defesa de Lula

Por meio de nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, afirma que “os supostos e-mails juntados hoje pelo Marcelo Odebrecht em nada abalam o fato de que o ex-presidente jamais solicitou ou recebeu da Odebrecht ou de qualquer outra empresa algum benefício ou favorecimento. A defesa pedirá que seja analisada a autenticidade e veracidade de todo material apresentado. Os e-mails não apenas contradizem o depoimento de Marcelo Odebrecht na delação premiada bem como em seu depoimento pessoal em outra ação”.

Netflix terá 700 programas originais até o fim do ano


Cena da segunda temporada da série 'Stranger things' - Divulgação Netflix


O Globo


Netflix deve investir US$ 8 bilhões em conteúdo ao longo de 2018. Com isso, terá cerca de 700 programas originais, entre séries, filmes e especiais, produzidos até o fim deste ano. A informação foi dada pelo diretor financeiro da empresa, David Wells, durante uma conferência de mídia e tecnologia nos Estados Unidos. O número inclui tanto séries que ainda vão estrear quanto temporadas novas das que já estão em andamento (como "Narcos" e "Stranger things"). As informações são da "Variety".


Dentre as produções, há 80 originais de fora dos EUA e em outras línguas que não o inglês, como "Club de Cuervos", do México, e "Dark", da Alemanha. De acordo com a "Variety", no ano passado o diretor de conteúdo, Ted Sarandos, disse que também havia planos de lançar 80 filmes originais neste ano.

O serviço de streaming acabou 2017 com 117,6 milhões de membros em todo o mundo. No mês passado, a companhia havia avisado a investidores que tem planos de aumentar os gastos em marketing em mais de 50% - de US$ 1,3 bilhões em 2017 para US$ 2 bilhões neste ano.


Walmart eleva idade mínima para compra de armas em lojas nos EUA


Consumidores passam por armas em loja Walmart - Reprodução


O Globo


NOVA YORK — Duas semanas após o massacre que deixou 17 pessoas mortas numa escola da Flórida, a maior rede varejista do mundo, o Walmart, decidiu elevar a idade mínima para a compra de armas e munições em suas lojas nos EUA e retirar de circulação quaisquer itens que se assemelhem a rifles. No mesmo dia, uma das maiores redes de lojas de material esportivo dos EUA, a Dick's Sporting Goods, também anunciou a elevação da idade mínima para compra e afirmou que não irá mais vender quaisquer fuzis de assalto.


"Levamos a sério nossa obrigação de sermos um vendedor responsável de armas de fogo, e vamos além da lei federal ao requerir que consumidores passem por uma checagem de antecedentes antes de comprar qualquer armamento", disse o Walmart em nota.

Apesar de não vender rifles de assalto desde 2015, o Walmart também anunciou que retirará de circulação quaisquer armas que lembrem este tipo de armamento, como brinquedos e réplicas.

O autor dos disparos, Nikolas Cruz, conseguiu comprar um fuzil AR-15 sem muita dificuldade, apesar de ter apenas 19 anos, o que reacendeu o debate sobre o acesso a armas nos EUA.

Fachada de loja de armas em Coral Springs, na Flórida - MICHELE EVE SANDBERG / AFP

Já de acordo com a Dick's Sporting Goods, nenhuma pessoa com menos de 21 anos poderá comprar nenhum tipo de armamento, sendo que munições de alta capacidade também estão banidas das prateleiras.

A Dick’s Sporting Goods é uma das maiores varejistas de equipamentos esportivos dos EUA, com mais de 700 lojas em todo o país, além de ser proprietária de outras redes especializadas em gêneros específicos de esportes, como o golfe e atividades ao ar livre (caça, pesca, trilhas a pé etc). De acordo com o jornal americano "The New York Times", o CEO e filho do fundador, Edward Stack, afirmou que a decisão é uma resposta direta ao massacre.

— Quando vimos o que aconteceu em Parkland, ficamos perturbados e tristes. Nós amamos esses alunos e seus gritos de 'chega'. Vamos nos posicionar e afirmar às pessoas nossa visão para, com esperança, trazê-las para a discussão.

Stack espera que a discussão inclua políticos e possibilite uma "reforma com bom senso" na política de armas praticada no país. Ele deseja que maiores restrições sejam aplicadas na venda, como proibição da comercialização de rifles de assalto, o aumento para 21 anos da idade mínima necessária para comprar uma arma e maior análise de possíveis problemas psicológicos que tenham os compradores.

Ainda de acordo com o proprietário, a loja procurou em seus arquivos o nome de Nikolas Cruz pouco depois da identidade do jovem ter sido revelada e descobriu que tinha vendido uma arma para ele em novembro, ainda que não tenha sido o modelo usado no ataque.

Essa não será a primeira vez que a loja faz mudanças após um ataque a tiros. Depois do tiroteio na escola primária de Sandy Hook, a varejista decidiu interromper a venda de fuzis de assalto em suas unidades principais, mas esse tipo de armamento continuou a ser comercializado em sua rede destinada especificamente a esportes de caça e pesca, a Field & Stream. Dessa vez, no entanto, Stack garante que a mudança será definitiva, ainda que o proprietário afirme ser um apoiador da Segunda Emenda, que garante o direito ao porte de armas de fogo nos EUA, e que continuará a vender armamento para esportes e caça.

Na semana passada, outras empresas anunciaram o fim da parceria com o lobby armamentista. O serviço de aluguel de carros Hertz, a seguradora de vida MetLife e a Delta Air Lines, que recebiam dinheiro da Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), resolveram não aceitar mais doações do grupo.


 

Advogados de Marcelo Odebrecht entregam mais de 40 e-mails a Moro e dizem que mensagens comprovam a relação da Odebrecht com Lula

Malu Mazza, G1 PR e RPC, G1



A defesa de Marcelo Odebrecht entregou, nesta quarta-feira (27),
43 e-mails trocados entre 2008 e 2013 ao juiz Sérgio Moro, que
 é responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância.
As mensagens estavam no computador pessoal de Odebrecht e,
conforme
os advogados, reforçam o que Marcelo disse na delação premiada
sobre a relação da Odebrecht com o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva.
A defesa afirma que Marcelo só teve acesso a esse conteúdo depois
que  passou a cumprir prisão domiciliar, em dezembro deste ano. Por 
conta 
disso, os e-mails foram encaminhados apenas agora, ainda de acordo 
com os advogados.
Essa é a terceira remessa de e-mails do computador pessoal que
Marcelo Odebrecht encaminha para a Justiça. Agora, Moro deve
decidir se esse novo material pode ser usado como prova nos
processos.
Em um dos emails, entregue pela defesa de 21 de junho de 2011,
Marcelo Odebrecht diz para um ex-diretor da empresa:
"Quando mencionar ao amigo de BG que o acerto do evento foi com italiano/amigo de meu pai, e não com PT, importante não mencionar
 nada  sobre minha conta corrente com italiano pois só ele e amigo de
meu pai sabem", diz a mensagem eletrônica.
A mensagem reforça o conhecimento de Lula sobre a conta corrente 
mantida com o ex-ministro Antônio Palloci, segundo a defesa de
Marcelo Odebrecht.
De acordo com as investigações, Palocci era identificado na
Odebrecht como italiano e Lula como amigo de meu pai. Segundo 
as investigações, Palocci administrava a conta de propina que a
Odebrecht tinha com o PT.
A defesa também destacou trocas de e-mails que, segundo os
advogados, falam do andamento das obras no Sítio Santa Bárbara, 
em Atibaia.
ganho as reformas de presente da Odebrecht e da Oas, como propina. Conforme a denúncia, as melhorias no Sítio Santa Bárbara 
totalizaram R$ 1,02 milhão.
Em outra mensagem eletrônica, de 30 de dezembro de 2010, o
engenheiro  da Odebrecht escreve para Marcelo e executivos do 
grupo.

"A equipe informou hoje pela manha que esta tudo conforme
programado. O mais importante nesse tipo de obra e' que não
há indefinicoes por parte  do proprietário. Eu diria que temos como
meta o dia 15 e não havendo imprevistos a alcancaremos. Temos 
um engenheiro senior que se instalou em Atibaia e esta' cuidando
 pessoalmente do assunto com equipe de sua confiança", diz o e-mail.
Os advogados dizem que a troca de mensagens da qual faz parte
contêm citações diretas ao Sítio de Atibaia, demonstrando em que
medida Marcelo Odebrecht tomou conhecimento sobre o assunto.
Essa é a terceira remessa de e-mails do computador pessoal que
Marcelo Odebrecht encaminha para a Justiça. Agora, Moro deve
decidir se esse novo material pode ser usado como prova nos 
processos.

O outro lado

A defesa de Lula declarou que os e-mails em nada abalam o fato
de que  o ex-presidente jamais solicitou ou recebeu da Odebrecht,
ou de qualquer  outra empresa, algum benefício ou favorecimento. 
A defesa afirmou, ainda, que vai pedir a análise da autenticidade 
e veracidade dos documentos e que os e-mails contradizem, tanto
 a delação premiada, como um outro depoimento de Marcelo
 Odebrecht à Justiça.
O Partido dos Trabalhadores declarou que nunca teve contas
secretas, muito menos de propina e que isso é uma falsidade,
criada pela Lava Jato e por réus confessos, que contam mentiras 
em troca da redução de pena e de benefícios econômicos.
A defesa do ex-ministro Antonio Palocci não quis se manifestar.

Sergio Moro marca leilão digital para o dia 26 de abril dos bens de Dirceu, ex-capitão da organização criminosa do Lula

Agência Brasil


Quatro imóveis registrados em nome do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e de familiares irão a leilão público no próximo dia 26 de abril, a partir das 14h, pela internet. No total, os bens são avaliados em pouco mais de 11 milhões de reais. O edital com as regras do certame foi publicado nesta quarta-feira, 28, pelo juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato em primeira instância no Paraná. O magistrado havia determinado a alienação (transferência) dos bens, que foram confiscados pela Justiça, em janeiro.
Dirceu já foi condenado por Moro em duas ações penais, uma delas já foi confirmada em segunda instância, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e pertinência a organização criminosa. Ao todo, José Dirceu acumula pena de 42 anos e 10 dias de prisão e ainda responderá a um terceiro processo criminal, aberto no último dia 21 de fevereiro.
Os imóveis serão leiloados de forma separada e o lance mínimo por cada bem será o que foi auferido pela avaliação judicial. O mais valorizado deles é o escritório onde funcionava a sede da empresa de consultoria do ex-ministro, a JD Assessoria, na região do Ibirapuera, em São Paulo (SP). Situado na avenida República do Líbano, o imóvel tem 501 metros quadrados e está avaliado em 6 milhões de reais.
Outro imóvel na capital paulista é um apartamento de 200 metros quadrados no bairro da Saúde, registrado em nome da filha de José Dirceu, avaliado em 750.000 reais. Também serão leiloadas uma chácara em Vinhedo (SP), avaliada em 1,8 milhão de reais, e uma casa de 1.300 metros quadrados na cidade de Passa Quatro (MG), que será vendida pelo preço mínimo de 2,5 milhões de reais.
Caso os itens não sejam arrematados no primeiro leilão, um segundo já está agendado para o dia 4 de maio, também pela internet. Nesse caso, os valores mínimos de cada bem serão reduzidos a 80% do preço da avaliação judicial.
Quem comprar os imóveis não arcará com pagamento de eventuais débitos fiscais e tributários relacionados a eles, mas terá de assumir contas em atraso como taxa de condomínio, energia elétrica, gás, entre outras, segundo prevê o edital. O leilão também prevê o direito de preferência na aquisição dos itens para condôminos, coproprietários ou cônjuges.
Casa do ex Ministro José Dirceu no condomínio Vale Santa Fé em Vinhedo, interior de São Paulo (Marcos Fernandes/Ag. Luz/VEJA)

Trump surpreende congressistas ao pedir maior controle de armas


Tom conciliador de Trump surpreendeu congressistas em reunião - KEVIN LAMARQUE / REUTERS


Com Globo e Reuters


WASHINGTON - O presidente Donald Trump surpreendeu seus colegas republicanos e os rivais democratas ao pedir abertamente maior controle de armas nos EUA. As declarações vieram durante uma reunião aberta na Casa Branca com congressistas em busca de políticas em resposta ao massacre que matou 17 pessoas numa escola da Flórida. Ele chegou a provocar os próprios aliados do lobby armado, dizendo que senadores estão temerosos.


Apesar de ter voltado a agradar republicanos ao defender o endurecimento da segurança nas escolas e o uso de armas por pessoas em situações como a chacina na boate LGBT Pulse (Flórida, 2016), Trump mostrou um lado muito mais alinhado aos democratas.

— O que me surpreende mais do que qualquer outra coisa é que nada tenha sido feito em todos esses anos — cutucou Trump, diante de sorrisos da senadora democrata Dianne Feinstein. — Seria tão bom se tivéssemos uma proposta que todo mundo apoiasse. Estava na hora de um presidente assumir as rédeas.

Na reunião com 17 democratas e republicanos, Trump disse que poderia emitir "muito em breve" um decreto para proibir os aceleradores de disparos — ferramenta usada no massacre do ano passado que matou 58 pessoas em Las Vegas e que transforma armas semiautomáticas em automáticas. Também sugeriu ao deputado Steve Scalise (ferido num ataque a tiros mas que continua um firme apoiador de maior acesso a armas) que uma proposta sua de aumentar a posse oculta de armas em público seja tratada posteriormente.


Observado pelo senador republicano John Cornyn, do Texas, Trump defende em reunião maior controle de armas - MANDEL NGAN / AFP

'NÃO TEMOS QUE CONCORDAR EM TUDO'

Trump ainda sinalizou apoio a uma série de políticas distintas, como o reforço à verificação de antecedentes, o aumento da idade mínima para comprar fuzis e a retirada de armas de pessoas com doenças psiquiátricas. Ainda disse ter falado a autoridades da NRA que “precisamos parar esta loucura. É hora”. De acordo com a rede Fox News, a Casa Branca está planejando ações concretas a favor de todas as medidas defendidas por Trump na reunião.

Diante de város congressistas que são ligados à Associação Nacional do Rifle (NRA), principal organização lobista a favor do relaxamento de regulamentos sobre armas nos EUA, provocou o senador republicano Pat Toomey, coautor de uma medida em 2013 de verificação de antecedentes após o massacre que matou 20 crianças na escola Sandy Hook, em Connecticut, em dezembro de 2012:

— Vocês têm medo da NRA — ironizou Trump, que também teve sua campanha financiada pelos lobistas, que pagaram US$ 30 milhões em 2016. — Não temos que concordar em relação a tudo (com a NRA).

Antes do encontro na Casa Branca, diversos senadores republicanos disseram haver pouco consenso no partido sobre como abordar a questão ou até mesmo sobre seguir em frente debatendo um projeto de lei para melhorar a base de dados de verificações de antecedentes para compradores de armas.

— Eu não ouvi um consenso. Eu não sei o que o líder (senador Mitch McConnell) irá fazer — disse o senador John Kennedy após um almoço republicano no Capitólio.

Na Casa Branca, o senador democrata Chris Murphy, de Connecticut, disse a Trump que esforços anteriores para aprovar projetos de lei de verificação de antecedentes enfrentaram grandes obstáculos por conta da NRA, e alertou o presidente contra subestimar a influência política do grupo.

— A razão de nada ser feito aqui é porque o lobby de armas possui poder de veto sobre qualquer legislação que surja para o Congresso — declarou Murphy.

A maior surpresa dos congressistas decorreu do fato que Trump é um firme defensor do maior relaxamento a restrições às armas. Nas últimas semanas, além de ter focado na questão de doenças mentais após o massacre da Flórida, sugeriu abertamente que professores sejam armados para impedirem a ação de atiradores em escolas.


Jungmann anuncia parceria com empresas para construir presídios


O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, durante entrevista - Givaldo Barbosa / Agência O Globo


André de Souza, O Globo



Parcerias com a iniciativa privada para a construção de presídios com parlatórios, fim do contingenciamento de recursos para a segurança pública, abertura de concursos para a contratação de 500 novos agentes da Polícia Federal (PF) e outros 500 da Polícia Rodoviária Federal (PRF), aumento da presença da PF na fronteira, e ampliação do contingente dedicado ao combate à corrupção. Essas foram algumas das medidas anunciadas pelo ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, nesta quarta-feira.

Ele afirmou que conversou com o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, e anunciou que este ano não haverá contingenciamento de recursos no setor.

— Este ano não viveremos com qualquer ordem de contingenciamento — disse Jungmann.
Sobre a construção de presídios, afirmou:

— Iniciei contatos com o ministro Moreira Franco (da Secretaria-Geral da Presidência da República), e espera que ainda em março esteja incluída a construção de presídios no PPP (parceria público-privada) ou PPI (programa de parcerias de investimentos) — explicou, acrescentando: — Todos terão que ter parlatórios com os devidos requisitos tecnológicos, para que a gente possa ter o registro das interlocuções daqueles que têm contato com os apenas. A luta de seccionar o fluxo de informações entre o crime no presídio e o crime na rua.

Sobre uma resistência da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) quanto à implantação de parlatórios, podendo haver monitoramento de conversas entre presos e defensores, Jungmann disse que é preciso evitar a atuação de "pombos-correio", ou seja, pessoas que passam recados de criminosos para seus comparsas que estão livres.

— Os presídios federais já contam com parlatórios. A nossa expectativa é poder estendê-lo aos estados. Quanto à resistência da OAB, fui ao presidente (Claudio) Lamachia (da OAB) e disse: temos um problema. Fernandinho Beira-Mar, Nem e um terceiro têm 37 advogados. É razoável isso?

MAIOR PRESENÇA NAS FRONTEIRAS

O ministro também afirmou que vai dobrar a presença da PF na fronteira e haverá mais delegados dedicados ao combate à corrupção.

— Vamos dobrar o contingente de policiais federais em postos de fronteira. Serão 300 policiais. Vamos fortalecer o combate à corrupção. Serão 20 novos delegados para essa função.

Sobre a abertura de concursos com mil vagas (500 para a PF e 500 para a PRF), Jungmann avaliou:

— Precisamos de muito mais, mas já é um bom início.

O ministro também defendeu parcerias com estados, mas condicionou a liberação de recursos ao comprometimento de que, em dois anos, o contingente de policiais estaduais em atividades administrativas ou em outros órgãos seja de apenas 1% ou 2%.

— Nós queremos policiais nas ruas - afirmou o ministro.

Eles não quis falar em metas, dizendo que é muito cedo ainda.

O orçamento da pasta é de R$ 2,7 bilhões, mas boa parte é relativa a recursos já destinados à PF e à PRF.

O ministro anunciou ainda a liberação de R$ 20 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a realização de um censo penitenciário. O ministro também citou como medida importante o banco de DNA montado para checar a autoria de crimes.

O ministro ainda brincou com o fato de o ministério não ter ainda uma sede:

— Eu sou um sem-teto. Brinquei: se demorarmos muito, vamos ter que alugar um trailer. Tivemos uma oferta generosa do ministro Torquato do. Outra possibilidade é Centro (Cultural) do Banco do Brasil. Uma terceira possibilidade é a (sede da) PRF. Mas ainda não temos paradeiro. Assim que tivermos, mandamos o endereço.

Jungmann defendeu a criação de uma Força Nacional permanente. Hoje ela conta com homens cedidos pelos estados. Ele também avaliou que as guardas municipais podem ganhar mais atribuições, cuidando de crimes menores como furto.

— Eu sou a favor de que a guarda municipal cuide de crimes de baixo impacto. Hoje, ela é sobretudo de guarda patrimonial. Mas se fizermos uma divisão e admitirmos crimes de baixo impacto, como ofensa ao pudor, um furto, eu acho que ela, na medida em que assumisse essas responsabilidades, liberaria as outras políticas para crimes de alto impacto. Mas é uma tese minha que pretendo discutir com as cidades — disse.