Cleide Carvalho - O Globo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem viagem prevista para a África três dias depois do julgamento da apelação da sentença do caso do tríplex do Guarujá pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). O petista participará de um evento de combate à fome na cidade de Adis Abeba, na Etiópia, país sede da União Africana. Na última sexta-feira, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, permitiu, por meio de portaria, que três assessores do ex-presidente acompanhem o petista na viagem — um dos assessores foi autorizado a viajar entre os dias 23 e 29 de janeiro. Os outros dois, entre os dias 26 a 29 janeiro. Como ex-presidente, Lula tem direito a manter assessores.
Interlocutores do ex-presidente confirmam que a viagem está prevista, mas não fornecem detalhes.
A viagem, a princípio, não tem impedimentos legais, a não ser que os desembargadores do TRF-4 decidam impor alguma restrição. Um réu só costuma ser impedido de deixar o Brasil quando a Justiça considera que há risco de fuga com comprometimento da execução da pena.
Na sentença em que condenou Lula a nove anos e meio de prisão no caso do tríplex do Guarujá, o juiz Sergio Moro afirmou que, apesar das intimidações à Justiça — que chamou de “condutas inapropriadas” —, o ex-presidente deveria apelar em liberdade.
Na época, Lula havia afirmado que “se eles não me prenderem logo quem sabe um dia eu mando prendê-los pelas mentiras que contam”. Moro afirmou que a prisão cautelar de um ex-presidente envolvia “certos traumas” e a “prudência” recomendava aguardar o julgamento da Corte de Apelação, no caso, o TRF-4.
Durante o governo Lula foram assinados diversos programas de cooperação com países africanos, orçados em cerca de US$ 57 milhões. Entre os países beneficiados estão Angola, Argélia, Benin, Cabo Verde, Guiné Bissau, Mali, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Senegal e Tanzânia.