Don Emmert - 14.set.16/AFP | |
Fachada da Apple Store na Quinta Avenida, em Nova York |
TIM BRADSHAW
DO "FINANCIAL TIMES"
DO "FINANCIAL TIMES"
A Apple prometeu investir mais de US$ 30 bilhões na expansão de suas operações nos Estados Unidos, depois do corte de impostos aprovado no mês passado pelo governo Trump, e fará um pagamento extraordinário de impostos de US$ 38 bilhões para repatriar lucros auferidos no exterior.
A fabricante do iPhone afirmou que os investimentos —que incluem um novo campus nos Estados Unidos, centrais de processamento de dados e mais de 20 mil novos empregos— a ajudarão a fazer uma "contribuição direta" de US$ 350 bilhões à economia dos Estados Unidos nos próximos cinco anos.
Boa parte dessa contribuição virá de investimentos planejados anteriormente com fornecedores nacionais, que ela estima devam atingir US$ 55 bilhões em 2018.
O compromisso para com o investimento interno é o maior já assumido por uma companhia americana desde que o presidente Donald Trump assinou a lei de reforma tributária. Trump costuma criticar a Apple e outras grandes empresas de tecnologia por sua dependência da fabricação no exterior.
O pagamento extraordinário de impostos estimado em US$ 38 bilhões "provavelmente será o maior desse tipo já realizado",anunciou a empresa nesta quarta-feira (17).
OUTROS ANÚNCIOS
O anúncio da Apple surge depois que diversas empresas americanas se comprometeram a acelerar o investimento interno ou a elevar salários e bonificações para seus empregados nos Estados Unidos, com a aprovação da legislação tributária.
A Walmart anunciou planos para aumentar seu salário-piso de US$ 9 para US$ 11 por hora, e a Fiat Chrysler anunciou bonificações para cerca de 60 mil trabalhadores.
Como parte de seu compromisso, a Apple vai expandir seu fundo de investimento em projetos industriais avançados nos Estados Unidos, e investirá centenas de milhões de dólares em fornecedores norte-americanos como a Corning, que fabrica o vidro para a tela do iPhone, e a Finisar, cujos componentes ópticos são parte do sistema de câmera de "realidade aumentada" do iPhone X.
O plano da Apple para um novo campus surge apenas alguns meses depois da inauguração do Apple Park, uma construção em forma de nave-espacial que abriga sua nova sede, em Cupertino.
As novas instalações, cujo local ainda não foi anunciado, terão por foco a assistência técnica e ajudarão a criar mais de 20 mil novos empregos nos Estados Unidos nos próximos cinco anos, além da força de trabalho de 84 mil pessoas que a companhia já emprega nas áreas de varejo, engenharia e outras, em seu país de origem.
A expansão das instalações da Apple surge no momento em que a Amazon está decidindo onde construir sua segunda sede, depois de receber um dilúvio de ofertas e incentivos de cidades e regiões de todo o país interessados em atrair a gigante do comércio eletrônico.
Outros US$ 10 bilhões do investimento planejado pela Apple serão dedicados a centrais de processamento de dados para acionar a App Store, iTunes e iCloud.
"A Apple é uma história de sucesso que só poderia ter acontecido nos Estados Unidos, e nos orgulhamos de nosso longo histórico de apoio à economia do país", disse Tim Cook, o presidente-executivo da Apple.
"Acreditamos profundamente no poder da engenhosidade americana, e o foco de nossos investimentos estará em áreas nas quais poderemos ter impacto direto sobre a criação de empregos e a preparação para empregos. Temos um senso profundo de responsabilidade quanto a retribuir ao nosso país e ao nosso povo por ajudarem a tornar possível esse sucesso."
Tradução de PAULO MIGLIACCI