sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Alianças do PT para 2018 correm risco se condenação de Lula, o corrupto, for mantida


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - ADRIANO MACHADO / REUTERS 13/12/2017


O Globo



Uma eventual confirmação do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode provocar incerteza não apenas sobre sua candidatura à Presidência da República, mas também sobre alianças que o PT costura com outros partidos nos estados. Cientistas políticos ouvidos pelo GLOBO acreditam que uma decisão negativa para o petista, hoje pré-candidato ao Palácio do Planalto, deve alterar a correlação de forças no cenário eleitoral.


Líder nas pesquisas de intenção de voto a um ano da eleição, Lula terá seu recurso julgado pela segunda instância do Judiciário no próximo dia 24 de janeiro. Entretanto, mesmo que sua condenação seja mantida, Lula poderá recorrer ao próprio TRF-4 e a tribunais superiores. Caso a candidatura seja negada pela Justiça Eleitoral, há também possibilidade de recursos.

A busca por apoio para 2018 expôs o PT. Apesar de proibição do Diretório Nacional, o partido negocia até com legendas que votaram a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. As conversas incluem o PMDB, sobretudo em estados do Nordeste.

Para o cientista político Paulo Baía, da UFRJ, o impacto pode ser determinante nos acordos negociados diretamente pelo ex-presidente.

— Uma condenação em janeiro tem impacto muito grande em toda a vida política nacional, porque não será aceita com facilidade. Haverá reações. Todas as forças políticas vão ter que reavaliar o quadro. Mas é evidente que, se Lula deixar de ser candidato, pode influenciar nas alianças estaduais, porque muitos acordos são feitos com o Lula, e não com o PT — afirma Baía.

Segundo o cientista político Cláudio Couto, da FGV-SP, acordos que miram a eleição presidencial podem sofrer fissuras mais intensas do que aqueles centrados nas disputas políticas estaduais.

— Uma eventual condenação seria claramente um abalo importante. Afinal, o Lula aparece como líder disparado nas pequisas — afirma Cláudio Couto. — A ameaça maior é para as alianças que, a rigor, miram o governo federal. São alianças que se montaram tendo a candidatura do Lula como fator central, inclusive em alguns estados em que partidos da base do atual governo se alinharam ao PT tendo em vista essa futura candidatura. Agora, alianças mais no campo da esquerda, ou que podem ocorrer provavelmente por questões programáticas, talvez tenham certa possibilidade de se manter. E também alianças em estados onde já existem relações sólidas entre o PT e alguns partidos.