segunda-feira, 20 de novembro de 2017

"Os brasileiros querem 'chegar lá'", por João Amoêdo

Folha de São Paulo


Conforme afirmei no artigo da semana passada, o debate eleitoral em curso está privilegiando a análise da viabilidade das candidaturas.
O que gostaria de discutir é o Brasil que queremos. Afinal, qual é o Brasil onde gostaríamos de viver?

Qual é o país dos nossos sonhos?

Meu desejo seria um Brasil seguro, simples e livre, onde todos possam chegar lá. E o que isso significa?

Um Brasil seguro: essa é a primeira e mais importante preocupação. O Estado precisa proteger a nossa vida, a nossa propriedade, a nossa liberdade e assegurar que as leis sejam cumpridas.

Um país simples: uma sociedade baseada em princípios e valores, com foco no essencial, sem burocracia. Leis em excesso servem apenas para criar mecanismos de poder para as instâncias públicas e devem ser revistas e, sempre que cabível, revogadas.

Um país livre: onde o cidadão tenha liberdade e responsabilidade para ser o protagonista de sua vida, sem a tutela do Estado. Um Estado paternalista, como é o nosso atual, prejudica a iniciativa das pessoas, sua evolução e a geração de riqueza.

Um país onde todos possam chegar lá: um modelo de Estado que privilegie a educação básica e o livre mercado e, assim, permita que cada brasileiro, com liberdade, possa se desenvolver e realizar seus projetos de vida. Nesse cenário teremos um ambiente propício ao empreendedorismo, a criação de empregos e ao combate efetivo da pobreza.

Não cabe ao Estado a tarefa de planejar a nossa vida. Com a justificativa de nos "proteger", ele acaba, na maioria das vezes, nos limitando e reduzindo nossa capacidade de inovar.

Esse Brasil desejado passa, contudo, por uma questão essencial: o equilíbrio das contas públicas.

É fundamental que os representantes eleitos tenham responsabilidade com as próximas gerações.

Devemos priorizar, desde já, medidas e reformas que equilibrem nossas despesas com as receitas. E na realidade atual esse equilíbrio necessariamente terá de vir pela redução dos gastos públicos.

Não podemos condenar nossos descendentes a arcarem com uma carga tributária –tão ou mais elevada do que pagamos hoje– para fazer frente a uma dívida crescente, em razão de privilégios concedidos.

Recursos públicos para partidos políticos, empréstimos subsidiados para grandes empresas, barreiras protecionistas, aposentadorias diferenciadas para servidores públicos, mordomias para parlamentares e membros do Judiciário são alguns dos exemplos de gastos que não cabem mais no bolso do pagador de impostos e precisam ser revistos.

Precisamos buscar um modelo que nos torne mais imunes a maus gestores públicos. Atualmente, com o gigantismo do Estado brasileiro e com a sua interferência em nossas vidas, ficamos reféns e desprotegidos das consequências das atitudes dos nossos políticos.

Somente com um Estado menos intervencionista os brasileiros conseguirão "chegar lá".