terça-feira, 21 de novembro de 2017

Nova fase da Lava-Jato mira propina da Transpetro a PT e PMDB


Policiais chegam com malotes no prédio da Superintendência Regional da PF - Edilson Dantas / Agência O Globo


Juliana Arreguy - O Globo



Alvo de prisão temporária da 47ª Operação da Lava-Jato, deflagrada na manhã desta terça-feira, o ex-gerente da Transpetro José Antônio de Jesus teria recebido parte da propina de uma construtora em benefício do Partido dos Trabalhadores (PT). Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a empresa também realizava repasses ao PMDB a pedido da subsidiária da Petrobras para obter vantagens em contratos. O ex-funcionário, detido esta manhã, é suspeito de ter recebido R$ 7 milhões entre setembro de 2009 e março de 2014.

Para mascarar a origem ilícita do dinheiro, o valor teria sido pago por meio de depósitos realizados em contas bancárias de familiares e intermediários de José Antônio. As investigações tiveram início a partir de delações premiadas de executivos da empresa de engenharia que realizava os repasses.


— Neste caso houve um dos esquemas mais rudimentares de lavagem de dinheiro da Lava-Jato. A propina saía da conta bancária da empresa de engenharia para a conta bancária de empresa do filho sem qualquer contrato ou justificativa para o repasse do dinheiro. Além disso, estão sendo investigados contratos entre a própria empresa do filho, controlada de fato pelo ex-gerente, e a Transpetro, o que pode indicar a inexistência ou falha grave de mecanismos de compliance — destacou a procuradora Jerusa Burmann Viecili.

O ex-gerente, ainda segundo o MPF, pediu para receber 1% do valor de contratos da empresa com a Transpetro como forma de propina - o valor final, no entanto, foi fixado em 0,5%.

Ao mencionar o envolvimento de partidos políticos no esquema de corrupção, o procurador Athayde Ribeiro Costa lembrou as investigações realizadas na Petrobras.

— Houve um esquema político-partidário contínuo e duradouro na Transpetro, como na Petrobras. Os crimes praticados na Transpetro são uma nova frente de investigações da Lava Jato, em expansão — afirmou.

Além do mandado de prisão temporária do ex-gerente, foram expedidos oito mandados de busca e apreensão e cinco mandados de condução coercitiva em quatro estados: Bahia, Sergipe, Santa Catarina e São Paulo.


ORIGEM EM DELAÇÃO PREMIADA

As investigações tiveram início com a delação premiada de um dos executivos da empresa de engenharia.

Além do mandado de prisão temporária do ex-gerente, foram expedidos oito mandados de busca e apreensão e cinco mandados de condução coercitiva. A operação acontece em quatro estados: Bahia, Sergipe, Santa Catarina e São Paulo.

Os investigados responderão pela prática dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O mandado de prisão será cumprido na Bahia e o preso levado para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. A PF prestará mais esclarecimentos sobre a operação em seu auditório no decorrer da manhã.

O nome Sothis é referência à uma das empresas investigadas, chamada Sirius — a estrela Sirius era chamada pelos egípcios de Sothis.