segunda-feira, 25 de setembro de 2017

DEM é o partido que mais perdeu deputados em 10 anos

Elisa Clavery e Marianna Holanda - O Estado de S.Paulo

Com evasão de 37 deputados e filiação de 10, o DEM foi o partido
 que teve a maior perda na Câmara desde 2007. A sigla hoje
negocia a entrada de até 12 deputados na sua bancada de 29
parlamentares, e é uma das mais interessadas na antecipação
da janela partidária.




Efraim Filho
'Não é o tratamento que um aliado espera receber', diz Efraim Filho, líder do DEM na Câmara, sobre atrito com PMDB Foto: Nilton Fukuda|Estadão


Após a filiação do senador Fernando Bezerra (PE) ao PMDB
 e as abordagens pelo partido ao deputado Marinaldo 
Rosendo (PSB-PE)a disputa por outros dissidentes 
do PSB causou conflito com 
o partido do presidente Michel Temer. O líder do
 partido na Câmara, Efraim Filho (PB), chamou 
as atitudes  do PMDB de  "mesquinhas" e disse 
que os "rumos definidos" 
do DEM "falam mais forte  que a caneta do PMDB".
"Gerou um desconforto, um ruído. Não é o tratamento que um aliado espera receber. Parece que o PMDB acredita que a agenda do partido é maior que a agenda do Brasil", disse ao Estado. "Essas atitudes mesquinhas do PMDB acabam fragilizando (o apoio do DEM)".
O líder do partido diz que o DEM "foi o único partido a dar 100% dos votos a favor da reforma trabalhista". "Nem dentro do PMDB o governo conseguiu essa lealdade, e é essa a resposta que recebemos", afirmou. Efraim Filho, porém, nega que o desconforto terá alguma influência sobre a votação da denúncia de Temer na Câmara. "Vamos analisar com base nos fatos".
Em entrevista ao Estado nesta semana, o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), disse que Maia “está mal informado” e que o partido não está “assediando” ninguém.“(O PMDB) É uma marca muito forte que atrai muita gente”, disse Jucá.
O PSD, em contrapartida, foi a sigla que mais recebeu deputados desde 2007. Foram 74 filiações de parlamentares na Câmara neste período e 21 saídas. A sigla foi criado em 2011 pelo ministro da Ciência e Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab, após se desligar do DEM. O partido já começou com uma bancada robusta de 28 deputados, a maioria egressa do DEM, como o hoje líder Marcos Montes (MG).
Enquanto Efraim Filho atribui à fundação do PSD a debandada dos parlamentares do DEM “para aderir ao governo Dilma (Rousseff, de quem Kassab foi ministro)”, Montes diz que a migração aconteceu por uma divergência de lideranças no partido de Maia. “ACM Neto (hoje prefeito de Salvador) quis disputar a liderança do partido na Câmara de novo e isso acabou sendo a gota d’água para alguns parlamentares, como eu”, lembra.
Apesar de ser pessoalmente contra a janela partidária, Montes prevê que a medida atraía mais deputados à sigla, “seja em março ou ainda neste ano”. Sem citar nomes, o líder conta que tem negociado a filiação de descontentes do PSB - partido que causou o atrito entre as siglas de Maia e Temer.
Montes conta ainda que próximo passo do partido é lançar o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, à Presidência no ano que vem - apesar de o economista negar categoricamente. “É nossa pedra preciosa bruta ainda, temos que fazer uma lapidação política”, diz.