O juiz federal Sérgio Moro autorizou, na manhã desta sexta-feira (4) a transferência do ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, da carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, para o Complexo Médico Penal de Pinhais, na Região Metropolitana.
Moro justifica que a carceragem da PF “é prisão de passagem e a permanência nela depende de condições excepcionais (…) por outro lado, as instalações do Complexo Médico Penal, da ala reservada ao presos da assim denominada Operação Lavajato, ainda que não perfeitas, são bastante adequadas”, despacha.
O pedido de transferência foi feito pela Polícia Federal, que tinha como objetivo afastar o ex-presidente de delatores da Operação Lava Jato, como Marcelo Odebrecht, que está detido na carceragem da PF.
Os operadores ligados a Bendine, André Gustavo Vieira da Silva e Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior vão permanecer na carceragem da PF, conforme solicitado pela instituição. Os irmãos ainda prestam depoimento aos policiais.
Investigações
O ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras foi preso no último dia 27, na 42ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Cobra. Ele é suspeito de ter recebido R$ 3 milhões em propinas da Odebrecht. De acordo com a Polícia Federal, ele realizou pagamento de impostos sobre o valor da propina para dificultar as investigações.
O juiz federal Sérgio Moro determinou o bloqueio de R$ 3 milhões nas contas de Bendine. O valor bloqueado equivale à propina que Bendine teria recebido da Odebrecht. As investigações apontam o valor em espécie em três parcelas, cada uma de R$ 1 milhão. O repasse teria acontecido em um apartamento em São Paulo, alugado por Antônio Carlos.
Um dos argumentos que levaram o Ministério Público Federal a pedir a prisão preventiva de Bendine foi a compra de uma passagem só de ida para Portugal por parte do investigado. À petição, os advogados do ex-presidente da Petrobras anexaram o bilhete de volta adquirido por Bendine, com data marcada para 19 de agosto pedindo a revogação da prisão.
Em fevereiro de 2015, na véspera de assumir a Petrobras, Bendine teria pedido os R$ 3 milhões para não prejudicar a Odebrecht em contratos com a estatal e também para “amenizar” os efeitos da Lava Jato. Naquele momento, a operação estava prestes a completar um ano.