sexta-feira, 4 de agosto de 2017

"A Reforma da Previdência", por Ricardo Amorim

IstoE


Quem acha que não há necessidade de Reforma da Previdência normalmente acredita que:

1. A Previdência não tem déficit, tem superávit;

2. Os problemas são a corrupção nas dívidas das empresas e a DRU;

3. Os servidores públicos merecem se aposentar antes e receber mais que os trabalhadores da iniciativa privada porque contribuem mais para a Previdência.

4. O problema são só as megaaposentadorias e pensões de políticos, juízes e do Ministério Público.
Tenho uma proposta irrecusável para quem acredita nisso.
Primeiro, cobramos cada centavo das empresas. Depois, acabamos com a DRU.
Em seguida, igualamos as aposentadorias de políticos, juízes e do Ministério Público às do INSS. Aí, somamos todas as receitas e verificamos o total da arrecadação. Por fim, redefinimos o benefício de cada um, dividindo o total arrecadado proporcionalmente pelo que cada um contribuiu. Assim, haveria justiça — cada um receberia de acordo com quanto contribuiu — os benefícios supostamente cresceriam — pois o tal superávit da Previdência seria transformado em aumento de benefícios – e as contas da Previdência estariam equilibradas.

Topa? Se você acredita nos quatro pontos acima, não há como não topar. Caso contrário, você tem de reconhecer que os quatro pontos são falsos.
Você ainda pode ser contra a Reforma da Previdência e reconhecer que, na realidade a Previdência tem um déficit que não para de crescer e que só nesse ano será próximo a R$ 400 bilhões, que a cobrança do pagamento integral da dívida das empresas e municípios tem de acontecer, mas não fará cócegas no déficit, que a DRU não só não tira recursos da Previdência, mas financia o déficit da Previdência, que a contribuição de servidores civis e militares não chega nem perto de bancar os benefícios excessivamente generosos que eles recebem e que o buraco da Previdência do setor público vai muito além de juízes, políticos e do MP. Nesse caso, você precisa também admitir que acha justo que anualmente mais de R$ 400 bilhões que deveriam ir para Saúde, Educação, etc sejam redirecionados para a Previdência para garantir que os benefícios sejam complementados além do que as contribuições cobrem. Nada errado nisso — apesar de eu discordar completamente. Não dá é para basear a discussão em mentiras.
Para quem ficou curioso com o que realmente aconteceria com os benefícios, confira os cálculos em bit.ly/previdenciaequilibrada. Já adianto que os benefícios cairiam entre 32% e 95%.