quinta-feira, 6 de julho de 2017

Rodrigo Maia tem condição de dar estabilidade ao país, diz Tasso

Júnia Gama - O Globo

O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), defendeu nesta quinta-feira que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reúne as condições necessárias para promover estabilidade no país. Tasso afirmou que o governo de Michel Temer está “chegando na ingovernabilidade” e disse ainda ver espaço para uma renúncia negociada do presidente da República.
— Rodrigo Maia tem condições de juntar os partidos ao redor de um nível mínimo de estabilidade que o país precisa. Estamos chegando na ingovernabilidade e tem que haver agora um acordo para dar estabilidade mínima para se chegar a 2018 — afirmou Tasso.
Caso a Câmara aprove a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o Supremo Tribunal Federal (STF) também a aceite, tornando Temer réu, ele é afastado do cargo e quem assume a presidência da República, provisoriamente, é Rodrigo Maia.
Em uma forte sinalização de que já vislumbra um novo governo, sem Michel Temer, o senador Tasso fez um esboço do que seria a composição ideal: manter a equipe econômica e os partidos que hoje sustentam a base, mas com perfis “intocáveis” em relação à postura ética.
— A equipe econômica tem que ficar e o governo tem que ser o mais próximo possível do intocável na postura ética — defendeu.
O tucano reforçou o discurso pelo desembarque do governo e afirmou que “os fatos” devem levar à saída do PSDB da base de sustentação de Temer. Ele disse que, mesmo que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) volte a assumir a presidência do partido, a permanência na base não deve ocorrer.
— Ninguém faz pressão contra os fatos. Os fatos estão aí e está na hora de encontrarmos estabilidade. Não dá mais para vivermos dessa maneira — pontuou o tucano.
O presidente interino do PSDB argumentou que não vê, hoje, nenhum partido que esteja com tendência mais governista do que pelo desembarque, inclusive o PMDB. Tasso disse que as conversas com o DEM e com os demais partidos da base têm sido contínuas e que todos terão de se render aos fatos.
— Não conheço nenhum partido, a começar pelo PMDB, que esteja mais governista do que pelo desembarque. Todos nós vamos ter que nos render aos fatos. Qual partido não está refluindo? O relator da denúncia na CCJ, que é do PMDB, deve dar um voto pelo afastamento de Temer. Quer coisa mais significativa que isto? — questionou o senador.
A esperada decisão no PSDB sobre a saída definitiva de Aécio Neves da presidência do partido deve ocorrer apenas na próxima semana. Tasso Jereisatti disse que irá conversar na segunda com Aécio sobre este assunto. Tasso pressiona por uma solução definitiva e a expectativa era que, após se livrar do processo de cassação do mandato no Conselho de Ética, hoje, Aécio fizesse um gesto aos correligionários e tomasse a iniciativa de deixar a presidência do partido. O senador disse que, se continuar na presidência do PSDB, passará a defender de forma intensa a implantação do Parlamentarismo.
— Na semana que vem, antes do recesso, precisa ter uma solução definitiva. O presidente é ele, ele é que tem de resolver. Se ele resolver ficar, ele tem as condições para isso. Aécio passa por uma crise e quem tem que definir o tamanho da crise é ele. Hoje, existem cerca de 30 senadores e não sei quantos deputados e ministros numa situação parecida. Quando ele estava afastado era diferente, mas, hoje, todos os senadores são iguais. O importante é não ficar nesta indefinição — afirmou Tasso.
O tucano falou ainda sobre a possível delação que o ex-presidente da Câmara, o deputado cassado Eduardo Cunha deve fazer. Disse que, se isto de fato ocorrer, será um semestre “terrível” para todos.