sexta-feira, 9 de junho de 2017

Lava Jato ataca MP de delação editada por governo Temer: “Interesses não republicanos”

Diego Escosteguy - Epoca

O procurador Carlos Fernando diz que a medida que dá poderes ao BC para fechar delações com bancos pode redundar em acordos irrisórios



O procurador da República Carlos Fernando Lima, um dos líderes da Lava Jato em Curitiba, disse a ÉPOCA ser “preocupante” e “surpreendente” a Medida Provisória editada nesta quinta-feira (8) pelo governo Temer, que concede poderes ao Banco Central para fechar acordos de leniência e de colaboração premiada secretos com bancos e instituições financeiras. Carlos Fernando critica tanto a forma (uso de MP, um instrumento unilateral e de urgência do governo) quanto o teor da medida. Questiona, especialmente, o momento em que ela foi publicada: precisamente quando o petista Antonio Palocci negocia com a Lava Jato, em estágio avançado, uma delação em que se compromete a entregar fatos criminosos envolvendo, ao menos, três grandes bancos brasileiros. A MP tem o potencial de proteger, em larga medida, os bancos porventura acusados – não somente por Palocci, mas por outras delações correlatas, sobre crimes contra o sistema financeiro.

o procurador Carlos Fernando Santos Lima (Foto: Ernesto Rodrgiues/Folhapress)