quinta-feira, 8 de junho de 2017

Delator diz a Moro que compra de terreno do Instituto Lula saiu do caixa 1 da Odebrecht

Epoca Negócios


O delator Hilberto Silva afirmou ao juiz Sergio Moro, na tarde desta quarta-feira, que a Odebrecht comprou um terreno para o Instituto Lula com recursos do caixa oficial da empresa. De acordo com Hilberto, apesar do dinheiro ter saído da tesouraria da empreiteira, o valor de R$ 12, 4 milhões teria sido debitado da planilha especial Itália, cuja contabilidade era controlada pelo setor de Operações Estruturadas, o chamado departamento de propina.

Hilberto disse que Marcelo Odebrecht determinou que fosse feito o débito na conta amigo no crédito de R$ 200 milhões que a empresa acordou com o PT. Confrontado pela defesa do petista sobre a razão do pagamento em caixa 1 ser registrado como propina, o ex-executivo afirmou que Marcelo não tinha como debitar o valor no balanço oficial da empresa.
"Os recursos não saíram desse caixa meu. Os recursos saíram do caixa 1 da empresa, comprando um terreno. Mas como não tinha como debitar ao interessado, foi debitado aqui. Ou melhor, foi reduzido o valor do crédito que eles tinham. Marcelo mandou comprar o terreno e como não tinha como debitar e ele não ia ficar com esse custo, ele debitou nessa planilha. Você não compra um terreno com recursos em espécie", disse o delator.
Nas delações da empreiteira, ex-executivos confirmaram ao Ministério Público Federal que a empresa fazia pagamentos de propina por meio de doações oficiais.
Além de Hilberto, também foram ouvidos ex-executivos Márcio Faria e Rogério Araujo como testemunhas de acusação contra o ex-presidente Lula, na sede da Justiça Federal de Curitiba. Ele também foram arrolados pela defesa de Marcelo Odebrecht, que também é réu na ação.
Lula é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de receber como propina da Odebrecht um terreno onde seria construída a nova sede do Instituto Lula e um imóvel vizinho ao apartamento do petista, em São Bernardo do Campo. De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, esses imóveis foram comprados pela Odebrecht em troca de contratos adquiridos pela empreiteira na Petrobras. Lula nega as acusações.
Lula responde pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Além de Lula e Marcelo, outras seis pessoas também são rés, como, por exemplo, o ex-ministro Antonio Palocci. A ex-primeira dama Marisa Letícia chegou a ser acusada, contudo, Moro decretou a impossibilidade de puni-la. Marisa morreu em fevereiro de 2017.