segunda-feira, 22 de maio de 2017

Delcídio afirma que prestou depoimento à Justiça Americana


Gustavo Schmitt - O Globo

O ex-senador Delcídio Amaral afirmou ao juiz Sergio Moro que prestou depoimento ao Departamento de Justiça Americano (DOJ) numa audiência no Tribunal de Justiça de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Em depoimento como testemunha de acusação do ex-presidente Lula na tarde desta segunda-feira, Delcídio confirmou ter respondido perguntas a respeito de sua delação no âmbito da Operação Lava Jato e sobre sua atuação na Petrobras.
A defesa do ex-senador, que chegou a ser diretor da estatal, confirmou que a oitiva ocorreu este ano, mas ainda não informou a data com exatidão. Segundo Delcídio, a sessão contou com a presença de um juiz, de um membro do Ministério Público Federal (MPF) e dos advogados da Petrobras. Contudo, ele afirmou que nenhum representante do governo americano estava presente.
— Eles prepararam um rol de perguntas, mas uma coisa típica da justiça americana. Perguntas cujas respostas estavam na minha colaboração. Todos ficamos numa saia justa naquela audiência. O MPF deslocou o juiz e os advogados, mas a parte interessada não estava presente. Eram perguntas de caráter geral. Não específicas. Foi uma coisa surpreendente — disse Delcídio.
No processo, Lula é réu junto com o ex-ministro Antônio Palocci, Marcelo Odebrecht, e outras cinco pessoas. O caso não tem relação com o tríplex do Guarujá, que está em fase de alegações finais, a penúltima antes de Moro dar a sentença.
Na ação, o MPF diz que Lula recebeu propina da Odebrecht na compra de um terreno para a construção de uma nova sede para o Instituto Lula e também num apartamento vizinho à cobertura onde o ex-presidente mora em São Bernardo do Campo (SP).
Após a audiência, o advogado de Lula, Cristiano Zanin, emitiu uma nota dizendo que o depoimento ao DOJ foi sonegado à defesa do petista e voltou a acusar a Lava-Jato de lawfare. “Tais informações estavam à disposição e eram do conhecimento apenas do MPF e da Petrobras revelando a existência de um aparente processo paralelo, que veio a publico apenas em função dos questionamentos feitos. A audiência de hoje provou o caráter frívolo da acusação, que é parte de uma estratégia de lawfare com o único objetivo de prejudicar a atuação política de Lula”.