Um grupo de 11 países latino-americanos, incluindo o Brasil, condenou nesta sexta-feira (21) a violência nos protestos na Venezuela e exigiu ao governo de Nicolás Maduro que convoque eleições regionais, que deveriam ter ocorrido em dezembro.
Pela primeira vez o Uruguai, que até então se mantinha neutro, participa das notas críticas ao chavismo, após uma semana em que as relações estremeceram devido a acusações de Maduro ao presidente Tabaré Vázquez.
Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai pedem medidas com urgência "para garantir os direitos fundamentais e preservar a paz social".
Eles endossaram o pedido do secretário-geral da ONU, António Guterres, para governo e oposição conterem a polarização e criarem as condições para recuperar o país.
"É imperativo que a Venezuela retome o caminho da institucionalidade democrática e que seu governo defina as datas para o cumprimento do cronograma eleitoral, liberte os presos políticos e garanta a separação dos poderes constitucionais".
A assinatura da nota é o marco da piora das relações entre Caracas e Montevidéu, que começou no domingo (16), quando Maduro acusou o chanceler uruguaio, Rodolfo Nin Novoa, de conspirar com os EUA para derrubá-lo.
No dia seguinte, Vázquez defendeu o ministro e exigiu do chavista uma retratação e convocou o embaixador venezuelano, Julio Chirino, para um protesto. Na quinta (20), o uruguaio disse que não fala com o colega há cinco meses.
"O Maduro reclama de eu não falar com ele. Claro que não vou falar, porque se o chanceler convoca o embaixador de outro país, tem que ir". Chirino se encontrou com Nin Novoa nesta sexta.
O uruguaio estava neutro devido à divisão de seu partido, a Frente Ampla (esquerda), sobre a Venezuela. A ala centrista, liderada pelo secretário-geral da OEA, Luis Almagro, pressionava pela condenação a Maduro, enquanto a extrema esquerda continua a defender o chavista.
Em reação às 12 mortes desta quinta-feira, a diretora da ONG Anistia Internacional para as Américas, Erika Guevara-Rosas, disse que a Venezuela "está se tornando um país onde os esforços para reprimir superam aqueles para proteger as pessoas".