segunda-feira, 17 de abril de 2017

Temer transformará recuos em trunfos na propaganda da reforma


Presidente Michel Temer - Ueslei Marcelino / Reuters


Eduardo Barretto - O Globo



O Palácio do Planalto prepara, para os próximos dias, uma guinada na campanha publicitária da reforma previdenciária, buscando mostrar que as mudanças nas aposentadorias foram atenuadas e que os cidadãos mais vulneráveis serão preservados. O governo vai tentar usar os recuos como trunfos. Isto é, ressaltar que a reforma não foi desidratada, mas suavizada.

Pontos cedidos após pressão da base parlamentar — como o afrouxamento de condições para a aposentadoria rural, benefício de prestação continuada (para deficientes e idosos), pensões, aposentadoria de professores e policiais — vão minorar o efeito fiscal da reforma mas servirão para "desmistificar" e "mostrar que a reforma não é como a oposição pintou", segundo um auxiliar do Planalto.

Até agora, a espinha dorsal das propagandas governamentais era associar a reforma à continuidade do pagamento de aposentadorias e pensões, além de prometer fim de privilégios e distorções.

A equipe de comunicação do governo federal planejava mudar o tom da campanha na última quinta-feira, mas dois fatores pesaram para o adiamento: a divulgação, na véspera, da lista de Fachin, que atingiu em cheio o governo, inclusive dois ministros palacianos; e a dificuldade de o Planalto garantir que fosse amarrado um relatório "seguro" da reforma.

Nessa linha, o presidente Michel Temer tem dito em entrevistas nos últimos dias que as mudanças na reforma previdenciária tiveram razões "sociais".