segunda-feira, 24 de abril de 2017

Moro decide ouvir de novo Marcelo Odebrecht e outros seis delatores


O juiz Sérgio Moro - Parceiro / Agência O Globo


GUSTAVO SCHMITT - O Globo

Juiz disse que executivos vão falar para esclarecer “perguntas adicionais” da defesa


O juiz Sérgio Moro decidiu ouvir mais uma vez o empresário Marcelo Odebrecht e outros outros seis delatores da empreiteira no próximo dia 5 de maio, na Justiça Federal de Curitiba. Em despacho na tarde desta segunda-feira, Moro disse que os depoimentos serão tomados novamente para que os delatores possam esclarecer “perguntas adicionais” feitas pela defesa do ex-ministro Antonio Palocci.

Em petição na última quinta-feira, José Roberto Batochio, responsável pela defesa do ex-ministro, pediu a Moro a nulidade do processo se as acusações feitas com base nos acordos de colaboração premiada não fossem comprovadas e submetidas ao contraditório.
Na ação, Palocci é acusado de ter favorecido a Odebrecht em decisões do governo federal. O ex-ministro, Marcelo Odebrecht e outras 13 pessoas são réus por corrupção e lavagem de dinheiro.

Além de Marcelo Odebrecht, Moro também vai ouvir de novo os delatores Rogério Araújo, executivo que cuidava da área de desenvolvimento de negócios no setor industrial da Odebrecht; Hilberto Silva, cuja função era comandar o setor de Operações Estruturadas, o chamado departamento de propina; Fernando Migliacio, responsável pela contabilidade das entradas e saídas de recursos ilícitos do departamento; Luiz Eduardo Soares, que também atuava no departamento e os irmãos Marcelo e Olivio Rodrigues, que prestavam serviços terceirizados de pagamentos no exterior para a empreiteira.

Em depoimento quinta-feira, Palocci sinalizou ao juiz Sérgio Moro que pode municiar a Lava-Jato com novas informações, capazes de "dar mais um ano de trabalho". Depois de afirmar em audiência que sabia da existência de caixa 2, mas que nunca operou ou organizou pagamentos, o ex-ministro disse ao juiz que, quando ele quiser, pode apresentar as informações.

- Apresento todos os fatos com nomes, endereços e operações realizadas. Posso lhe dar um caminho que vai lhe dar mais um ano de trabalho, que faz bem ao Brasil - disse Palocci, afirmando que falaria sobre "nomes e situações" que optou por não falar na audiência.