terça-feira, 18 de abril de 2017

João Santana e Mônica Moura depõem a Moro pela 1ª vez após delação


Monica Moura e Joao Santana deixam a sede da Superintendência Regional no Paraná após pagamento de fiança, quando foram soltos em agosto do ano passado. Eles haviam sido presos na 23ª fase da Operação Lava Jato denominada Operação Acarajé em Fevereiro. Foto Geraldo Bubniak - Geraldo Bubniak/ 01-08-2016 / Agência O Globo

Cleide Carvalho - O Globo


Casal de marqueteiros fala no processo em que Palocci é acusado de movimentar conta de propina


O juiz Sérgio Moro interroga nesta terça-feira o casal de publicitários João Santana e Mônica Moura, marqueteiros das campanhas presidenciais do PT de 2006, 2010 e 2014. É a primeira vez que o casal presta depoimento à Justiça depois de ter fechado acordo de delação com a Procuradoria Geral da República. O depoimento está marcado para as 16h.

Os dois deverão falar no processo em que o ex-ministro Antonio Palocci é acusado de movimentar uma conta de propina da Odebrecht com o PT. Segundo depoimento de delação premiada do empresário Marcelo Odebrecht, Palocci era o gestor da conta, que chegou a movimentar cerca de R$ 133 milhões, e nenhum valor era pago sem a autorização dele.

Desta conta, cuja movimentação aparece na “Planilha Especial Italiano”, saíram valores para pagar João Santana e Mônica Moura - alguns depósitos foram feitas numa conta de Santana na Suíça, não declarada no Brasil, e a maioria dos recursos foi entregue em espécie, no Brasil. Segundo delatores, muitas vezes Mônica ia pessoalmente ao escritório da Odebrecht pegar o dinheiro.

Marcelo Odebrecht afirmou, em delação, que o governo de Dilma Rousseff não se preocupou quando a Lava-Jato identificou repasses a contas de Santana no exterior porque Mônica Moura costumava tranquilizar as pessoas, dizendo que todos os valores referentes às campanhas presidenciais no Brasil tinham sido recebidos em espécie.

O empresário confirmou que Palocci era o "italiano" mencionado na planilha e que, depois de iniciado o governo Dilma, a conta passou a ser chamada de "pós-itália", uma referência do ex-ministro Guido Mantega. Enquanto Palocci movimentou a conta durante o governo Lula, Mantega teria sido o escolhido para movimentar os recursos durante o governo Dilma.

Na chamada conta "pós-itália" foram alocados R$ 50 milhões, que teriam sido pedidos por Mantega durante a negociação da Medida Provisória conhecida como "Refis da crise". Segundo Marcelo, Mantega apresentou o pedido dos R$ 50 milhões num papel, por escrito. Não há informação se os recursos da conta "pós-itália" foram utilizados.

ASSESSOR DE PALOCCI DEPÕE DIA 20

Também nesta terça-feira deveria ocorrer o depoimento de Branislav Kontic, assessor de Palocci, acusado pelo empresário Marcelo Odebrecht de retirar dinheiro vivo na empreiteira, sempre a mando do ex-ministro. O depoimento, porém, foi remarcado para o dia 20, quinta-feira, a pedido da defesa de Kontic, com o objetivo de coincidir com a data do depoimento de Palocci.

Segundo Marcelo Odebrecht, Kontic teria retirado pelo menos R$ 5 milhões descontados da conta "Amigo" que, segundo o empresário, mantinha R$ 40 milhões destinados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O assessor retirou, no total, R$ 13 milhões em espécie, de acordo com os registros da planilha italiano.