segunda-feira, 24 de abril de 2017

"Grupo Pão de Açúcar acelera conversão de hipermercados em lojas de atacarejo", por Maria Cristina Frias


Folha de São Paulo


O Grupo Pão de Açúcar pretende converter lojas de hipermercados Extra para o formato de atacarejos Assaí, em número muito maior do que foi feito no ano passado.

"Nossa ideia é fazer de 15 a 20 lojas", diz Ronaldo Iabrudi, diretor-presidente do grupo. No ano passado, foram feitas duas conversões, uma em Pilares, no Rio de Janeiro, e outra em São Vicente.

Em janeiro, iniciaram-se cinco conversões, que deverão estar prontas para inauguração em maio, de acordo com o executivo. Além delas, outros dois atacarejos novos estão em contrução.

De Pão de Açúcar, serão mais cinco lojas em 2017.

"Já inauguramos um ponto novo neste ano e abriremos mais quatro. E do Minuto [unidades menores, com cerca de 8 mil itens vendidos em cada ponto], faremos mais dez lojas."

Foram fechadas neste ano 16 lojas: dez Minimercados Extra, um Pão de Açúcar, um Assaí, três drogarias e um posto de combustível (em compensação, outro foi aberto em outro local).

Parte da expansão tem vindo de parceiros, pequenos mercadinhos aos quais o Grupo Pão de Açúcar se associa e que já somam 150.

Para Iabrudi, o modelo de hipermercados, que vai continuar a existir no grupo, ainda tem a sua clientela.

"Estamos convencidos de que as lojas que permanecerem, ficarão muito bem", diz.
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VENDAS

A queda da inflação nos alimentos ajudou os resultados os resultados do grupo no primeiro trimestre– até porque sobra dinheiro para comprar outros artigos, lembra ele.

"Mas em um primeiro momento, a receita não aumenta tanto, tem crescimento próximo da inflação no alimentar, mas no Assaí, [a expansão] foi acima de dois dígitos."

O GPA registrou alta de 6,7% da receita líquida no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior para R$ 10,5 bilhões. As vendas de lojas Pão de Açúcar e Extra, porém, caíram 3,4%.

Foi mais uma vez a rede Assaí que garantiu o resultado positivo, com aumento de 28,3% na receita.

"Estamos projetando neste ano no segmento alimentar algo parecido com o que que fizemos em 2016, com expansão de dois dígitos, quando juntamos o Assaí e o multivarejo", acrescenta.

No ano passado, o grupo concentrou esforços nos hipermercados, o que trouxe ganho de market share, segundo Iabrudi. "Neste ano, o foco será nas lojas do Pão."
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TECNOLOGIA

O GPA investe em uma nova tecnologia.

A partir de maio, será implantado um sistema nas lojas do Pão de Açúcar pelo qual o cliente, ao entrar na loja, poderá se comunicar com o caixa, relatar quantos itens vai comprar e acertar um horário para pagar.

Fila e tempo gasto nas lojas estão entre as maiores reclamações de fregueses.
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FORNECEDORES

Com base nas informações do GPA sobre o que o consumidor costuma adquirir, também haverá a possibilidade de fornecedores entrarem em contato com o cliente e fazer uma oferta.

"Sabendo que você compra água, mas nunca adquiriu o produto dele, o fornecedor poderá oferecer um desconto diretamente a você", explica Iabrudi.

"Esse 'desconto focado' só será proposto a quem autorizar. O fornecedor não saberá o nome, apenas conhecerá o perfil do consumidor.

O grupo pretende implantar ainda o projeto "polivalentes". Hoje, 27% de quem trabalha no suprimento nas unidades do Pão tem treinamento para operar o caixa.

"Se houver fila, o funcionário poderá deixar de organizar as frutas para ajudar em um caixa disponível. Até meados deste ano, serão 60% polivalentes atuando nas unidades", afirma.
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DEVOLUÇÃO DE ENERGIA PODE RENDER ATÉ R$ 600 MILHÕES

O governo federal deve arrecadar de R$ 300 milhões a R$ 600 milhões com o leilão de descontratação da energia de reserva, nos cálculos da consultoria Thymos.

O Ministério de Minas e Energia publicou na quinta (20) as normas e o prazo para que o certame aconteça -até o dia 31 de agosto.

No passado, o sistema elétrico contratou uma quantidade reserva de energia para eventuais necessidades. Os valores são rateados por todos os consumidores. O uso de luz caiu, no entanto.

Ao mesmo tempo, parte dos projetos que venderam energia não ficarão prontos a tempo. Como não serão entregues, seus investidores ficam sujeitos a multa.

No leilão de descontratação, os empreendimentos aceitam pagar para não entregar o total que haviam se comprometido a fornecer.

Pelos cálculos da Thymos, devem ser "limpos" cerca de 1.500 MW de fontes solar e eólica que só existem no papel.

Ao dar lances, os geradores fazem uma conta que leva em consideração quanto pagarão de multa, que é uma porcentagem do investimento no projeto.

"Um número de ponto de equilíbrio no leilão será algo em torno de R$ 57 por MWh [a não entregar]. O investidor vai aceitar pagar qualquer valor abaixo disso", diz Thais Brandini, da consultoria.
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Hora do café
com FELIPE GUTIERREZTAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI