terça-feira, 18 de abril de 2017

Delator e Gleisi se falaram 13 vezes em quatro dias no final da campanha

Renata Mariz - O Globo


De forma educada, porém insistente, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) pediu recursos na reta final da campanha de 2014 ao governo do Paraná a Odebrecht, segundo delação do executivo da empresa, Benedicto Júnior. Foram identificadas 13 ligações de Gleisi ou seu assessor, Leones Dallagnol, para Benedicto em apenas quatro dias: 16 a 19 de setembro.

A bolada só saiu mesmo, entretanto, após ordem expressa de Marcelo Odebrecht, herdeiro do grupo, que determinou a Benedicto transferir R$ 5 milhões a Gleisi via caixa dois. Do total, R$ 3 milhões foram identificados pelo executivo no sistema que gerenciava as propinas pagas pela empresa.

Segundo Benedicto, os pagamentos ocorreram em parcelas de R$ 500 mil, que se estenderam até depois da eleição, quando Gleisi já havia perdido. O delator detalhou que outro executivo da empresa, Luiz Bueno, e Fernando Miggliacio, funcionário do departamento de propina da companhia, tratou diretamente com o assessor de Gleisi, Leones Dallagnol, sobre os repasses.

O valor era considerado exagerado pelos funcionários, tendo em vista as chances pequenas de Gleisi na corrida ao governo do Paraná e considerando o fato de a Odebrecht não ter nenhum empreendimento no estado. Mas Marcelo tinha dado a ordem após receber um pedido do PT de ajuda a Gleisi, disse Benedicto.

— Sempre educada, (ela) falava: 'Estou precisando de ajuda, vocês não vão nos ajudar aqui no Paraná. E eu dizia: não temos negócio no Paraná (...) estamos ajudando o partido, você sabe a dificuldade da presidente Dilma para se reeleger — contou Benedicto sobre os contatos de Gleisi antes da autorização de doação.