terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Cabral vira réu pela quinta vez na Lava-Jato


Audiência por videoconferência do ex-governador Sergio Cabral no Tribunal de Justiça do Rio - Alexandre Cassiano / Agência O Globo


Juliana Castro - O Globo


Na nova denúncia, MPF imputou ao ex-governador 147 atos de lavagem de dinheiro


O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) virou réu pela quinta vez na Lava-Jato. O juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, Marcelo Bretas, aceitou a denúncia oferecida nesta terça-feira pelo Ministério Público Federal (MPF), em que os procuradores imputam ao peemedebista 147 atos de lavagem de dinheiro.


Cabral está preso desde novembro do ano passado, quando foi deflagrada a Operação Calicute. A nova denúncia do MPF, resultado da Operação Mascate, aponta que Sérgio Cabral, Ary Filho e Carlos Miranda se valeram de três formas distintas para promover a lavagem de dinheiro: transferências bancárias de empresas de um colaborador para a empresa Gralc/LRG Agropecuária, de propriedade de Carlos Miranda, com a justificativa de prestação de serviços de consultoria inexistente; compra de veículos para a organização criminosa pelas empresas de um colaborador; compra de imóveis da organização criminosa pela empresa de um colaborador. Ary e Carlos Miranda também viraram réus nesta terça-feira.

Ary Filho também foi denunciado por pertencer à organização criminosa, apontado como integrante do esquema de desvio de recursos públicos liderado por Cabral e investigado pela Força-Tarefa da Lava-Jato no Rio.

Os crimes de lavagem de dinheiro cometidos pelo grupo criminoso foram descobertos a partir de colaboração premiada, em que foram apresentadas provas de transações no valor de R$ 10,17 milhões, ocorridas entre 30 de agosto de 2007 e 28 de setembro de 2015. Os conjuntos de atos de lavagem de dinheiro narrados tinham por objetivo converter os recursos de propina em ativos de aparência lícita e/ou distanciar ainda mais de sua origem ilícita o dinheiro derivado de crimes de corrupção praticados pela organização criminosa.

Além dos R$ 3,4 milhões pagos à GRALC/LRG Agropecuária a título de consultoria, a denúncia revela que os integrantes do esquema ocultaram a propriedade de um Camaro 2SS Conversível, avaliado em R$ 222,5 mil e de uma Grand Cherokee Limited, avaliada em R$ 212,8 mil, bem como de sete imóveis no valor de R$ 6,3 milhões. Ary Filho era o responsável pela entrega do dinheiro em espécie, que depois era utilizado pelos colaboradores para pagar os serviços de fachada e adquirir os carros e imóveis em nome de suas próprias empresas.

“A denúncia versa sobre crimes de pertinência a organização criminosa e de lavagem de dinheiro cometidos no Brasil relacionado ao operador Ary Filho. Contudo, diante da grandiosidade do esquema criminoso, não esgota todos os crimes de lavagem de dinheiro cometidos no Brasil, nem tampouco todos os fatos praticados pelo grupo, que poderão ser objeto de novas denúncias”, explicam os procuradores da República Leonardo de Freitas, José Augusto Vagos, Eduardo El Hage, Renato Oliveira, Rodrigo Timóteo, Jesse Ambrosio dos Santos Junior, Rafael Barreto, Sérgio Pinel e Lauro Coelho Júnior, que assinam a denúncia.

Na terça-feira passada, Ministério Público Federal no Rio fez a quarta denúncia contra o ex-governador. Os procuradores imputaram 184 crimes de lavagem de dinheiro ao peemedebista. Os fatos apresentados na denúncia são resultantes da Operação Eficiência, realizada no escopo das investigações da Força-Tarefa da Lava-Jato no Rio. Cabral, que está preso desde novembro em Bangu 8, já é réu também em outros dois processos da 7ª Vara Federal Criminal do Rio e em um na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba. A mulher do ex-governador, Adriana Ancelmo, foi denunciada por sete crimes de lavagem de dinheiro.