quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Vereador negro quer fim das cotas raciais e do Dia da Consciência Negra

Com Veja e Estadão Conteúdo

Líder do MBL, Fernando Holiday (DEM) critica homenagem a Zumbi dos Palmares e diz que reservar vagas no serviço público reforça racismo


Fernando Holiday, do MBL, eleito vereador em São Paulo pelo DEM
Fernando Holiday, do MBL, eleito vereador em São Paulo pelo DEM (Gustavo Lima / Câmara dos Deputados/VEJA)
No terceiro dia como vereador de São Paulo, Fernando Holiday (DEM), de 20 anos, afirmou nesta quinta-feira, em entrevista à TV Câmara, que vai apresentar propostas para revogar o Dia da Consciência Negra e o fim das cotas raciais em concursos públicos municipais da capital.
Negro, Holiday é um dos líderes do Movimento Brasil Livre (MBL), que ganhou projeção nas manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ele foi eleito com pouco mais de 48.000 votos.
As propostas estavam entre as principais bandeiras de sua campanha.  Em novembro do ano passado, ele já havia publicado em sua página no Facebook que era um “um absurdo” existir uma data como o Dia da Consciência Negra, que “homenageie um homem assassino escravagista”. O dia 20 de novembro foi escolhido como homenagem a Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, assassinado neste dia.
“É um debate que há muito tempo venho encampando, contrário às cotas, porque acredito que elas reforçam o racismo ao invés de ajudar os negros. O Dia da Consciência Negra é um feriado complicado, que muitas vezes atrapalha esse combate (contra o racismo)”, disse.
A lei que instituiu o Dia da Consciência Negra é de âmbito federal e foi sancionada por Dilma no dia 10 de novembro de 2011. No entanto, cabe aos municípios ou Estados decidir se o dia deve ou não ser feriado, como o é em São Paulo pela lei municipal 13.707 promulgada pela ex-prefeita Marta Suplicy, em janeiro de 2004.
Outra ideia defendida pelo parlamentar é a proibição de homenagens em sessões solenes a ditadores e genocidas “ou qualquer personagem ou fato histórico que tenha atentado contra os direitos humanos e a liberdade em algum momento da história.
“Já protestei na Câmara contra uma homenagem que fizeram a Fidel Castro em uma sessão solene que teve. Pretendo trazer essa experiência e esse idealismo para dentro da Câmara, uma casa legislativa que é a casa do povo, para que respeite as liberdades também quando for homenagear alguém”, afirmou. Holiday não citou outras personalidades que poderiam ter homenagens barradas.