sexta-feira, 4 de julho de 2014

Viaduto em obra do PAC de Dilma planejada para a Copa cai, mata 2 e fere 22 em Belo Horizonte

MARCELO PORTELA  - O Estado de S.Paulo

 

A alça do Viaduto Guararapes ficava sobre a Avenida Pedro I, na altura do bairro São João Batista, na Pampulha, e quatro veículos ficaram sob a estrutura, que ruiu pouco depois das 15 horas. A via é uma das mais movimentadas da capital mineira

Parte de um viaduto desabou ontem em Belo Horizonte causando a morte de duas pessoas - a motorista de um ônibus e o motorista de um carro de passeio - e deixando 22 feridas, segundo os bombeiros. A alça do Viaduto Guararapes caiu sobre a Avenida Pedro I, na altura do bairro São João Batista, na Pampulha, e quatro veículos ficaram sob a estrutura, que ruiu pouco após as 15 horas.


A via é uma das mais movimentadas da cidade e a construção do viaduto fazia parte do alargamento das pistas para adequação ao Move, nome dado pela prefeitura de Belo Horizonte ao sistema de BRT (Bus Rapid Transit). Inicialmente, a obra fazia parte dos projetos de mobilidade para a Copa do Mundo, mas não foi concluída a tempo para o Mundial. O desabamento parou completamente o trânsito na região da Pampulha, onde está localizado o Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, que, na próxima terça-feira, receberá uma das semifinais do torneio.

A maior parte das vítimas estava em um micro-ônibus da linha suplementar 70. O veículo era dirigido por Hanna Cristina dos Santos, de 25 anos, que morreu no local. A filha da motorista, de 5 anos, também estava no veículo e foi encaminhada ao Hospital Risoleta Tolentino Neves, na região de Venda Nova, sem risco de morrer. "Esse acidente foi muito chocante. A gente viu o viaduto caindo. Bati a cabeça e ficou muita gente ferida no chão lá", contou Enilson Luiz, de 36 anos, que estava no micro-ônibus e também precisou de atendimento médico.

Além do coletivo, que teve a frente esmagada, o viaduto caiu sobre dois caminhões e um Fiat Uno. O corpo do motorista Charlys Frederico Moreira do Nascimento, de 25 anos, foi retirado pelos bombeiros por volta das 5h30 desta sexta-feira. Charlys estava sozinho no carro.

No fim da tarde, uma mulher que se identificou como Cristilene chegou ao local do acidente e, por meio de fotos do celular de policiais militares, reconheceu o automóvel como sendo do marido dela. Muito nervosa, ela contou que o marido estava indo buscá-la no trabalho, que fica a poucos metros do local do acidente.

O passageiro Enilson Luiz contou que a tragédia poderia ter sido ainda maior, pois havia grande movimento na Avenida Pedro I. "Passou um (ônibus) articulado bem cheio. Foi fração de segundo", disse. Imagens das câmeras de monitoramento no local mostram que o ônibus articulado do Move e diversos veículos passaram sob a estrutura momentos antes do desabamento e por pouco também não foram atingidos.

Nove pessoas receberam atendimento no local, oito foram para o Hospital Risoleta Neves e duas para o Hospital Odilon Behrens. Neste último foram atendidos Carlos Silva, de 38 anos, e Fábio Júnior Silva, de 34, que trabalhavam em cima do viaduto. Pelo menos mais um operário ficou ferido.

Outro caso. Em seu site, a construtora Cowan lamentou o ocorrido e disse que não vai medir esforços para apoiar as vítimas e os familiares (mais informações na página A12). A Defesa Civil recomendou que a estrutura do viaduto vizinho fosse reforçada, o que, segundo a construtora já estava "sendo providenciado". Em fevereiro, a estrutura de outro viaduto da mesma obra sofreu deslocamento lateral de 27 centímetros durante o processo de concretagem.