sexta-feira, 4 de julho de 2014

Na economia, nem todos os países batem um bolão

- O Globo

Em campo há equilíbrio entre as seleções, mas, fora dele, realidades são distintas. Compare a situação de cada um

 
Os confrontos das quartas de final, que começam hoje, indicam um equilíbrio nas partidas em uma Copa do Mundo em que todos os grandes favoritos, incluindo o Brasil, passaram por agruras em algum jogo até o momento. Mas, fora de campo, a situação das nações rivais é bem diferente. Na economia, quatro países são considerados desenvolvidos — mas alguns deles ainda enfrentam dificuldades para retomar o crescimento e resolver o desemprego —, enquanto outros quatro são considerados em desenvolvimento.

Nesse segundo grupo há desde queridinhos do mercado a países que, como a Argentina, a cada dia ampliam crises e insegurança. Alemanha e França, por exemplo, representam o duelo entre duas lideranças europeias. Nos gramados, as duas seleções se destacam pelos ataques, mas, na economia, a França está na retranca e ainda não conseguiu decolar após a crise de 2008. Já a Alemanha confirmou ser o grande motor europeu, ganhando espaço sobre os vizinhos. As duas nações são as maiores economias do continente, mas vivem momentos um pouco distantes.

Deixando de lado a bola e entrando no campo da economia, Brasil e Colômbia repetem o que se passa em campo: enquanto a Colômbia é a sensação, o Brasil ganha, mas não convence. Assim como no futebol, onde quer roubar o protagonismo do Brasil, a Colômbia já superou o país como maior produtor e referência global em café.

Revelação da Copa do Mundo de 2014, a Costa Rica quer, no futebol, repetir o mesmo que tem feito no comércio com a Holanda: entregar um abacaxi. Explica-se: o país da América Central é um grande exportador de frutas para a Europa. O fechamento de parte da Intel, que possui uma das maiores fábricas do mundo, anunciado para o final do ano, deve provocar um forte impacto no país, já que a Intel representa cerca de 6% do PIB da Costa Rica, embora a empresa prometa ampliar os centros de pesquisa que existem no país. Tanto Costa Rica quanto Holanda são países pequenos, mas importantes em seus continentes.

Entre Argentina e Bélgica, a distância econômica é enorme. Enquanto o primeiro país vive uma crise que parece não ter fim, o segundo, sede da União Europeia, anda batendo um bolão no campo das exportações.

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França x Alemanha

A Alemanha está em uma fase mais liberal, enquanto a França ainda é um dos grandes representantes do estado europeu de bem-estar social. Grandes fiadores da União Europeia e do Euro, os dois países são historicamente rivais e se enfrentaram em diversos conflitos, inclusive ficando em lados opostos nas duas guerras mundiais. Mas, economicamente, são complementares: a França foi o maior importador da Alemanha, tendo comprado no ano passado US$ 138,1 bilhões em produtos alemães, e é o terceiro maior vendedor de produtos para os germânicos, atrás da Holanda e da China, tendo exportado US$ 88 bilhões em produtos franceses no ano passado.

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Brasil x Colômbia

A Colômbia cresceu com quase o dobro da velocidade do Brasil, atraiu investimentos e, com a Aliança do Pacífico (associação com México, Chile e Peru), ampliou a participação no comércio internacional. Já o Brasil patina com baixo crescimento, inflação alta e falta de investimentos, mas tem mercado interno de dar inveja, baseado na redução da pobreza e do desemprego nos últimos anos. A corrente de comércio entre os dois não é tão elevada: US$ 4,1 bilhões no ano passado. No campo comercial, o Brasil leva vantagem: exportou US$ 2,6 bilhões e importou US$ 1,5 bilhão, mas as exportações brasileiras para a Colômbia tiveram queda de 9,75% em 2013, enquanto as importações cresceram 15,4%.
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Holanda x Costa Rica

A Costa Rica é um grande exportador de frutas para a Europa, e o abacaxi representa 11% das vendas do país aos holandeses no ano passado. Até então, a liderança nas exportações era de circuitos integrados, com 51,3%, pois o país conta com uma das maiores fábricas da Intel no mundo, mas que será parcialmente fechada. Ou seja, em breve, o abacaxi deverá voltar a liderar as exportações para a Holanda. Os países quase não possuem relações comerciais — embora os holandeses tivessem colônias no Caribe. As exportações costa-riquenhas somaram no ano passado cerca de US$ 900 milhões e as importações, US$ 130 milhões, baseada principalmente na venda de contêineres holandeses.
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Argentina x Bélgica

A Bélgica está envolvida em um dos principais negócios dos argentinos: a dragagem do Rio da Prata, principal via de exportações do país e fonte de polêmicas com o Uruguai. Uma empresa do país europeu está a cargo das obras. Fora isso, os dois não possuem muita relação comercial. A Argentina sofre com um governo sem credibilidade, dados estatísticos pouco confiáveis, queda no preço das commodities agropecuárias e a questão da dívida, que voltou com força depois que a Justiça americana decidiu que os “fundos abutres”, que compraram títulos argentinos da época da crise com valores muito menores, devem receber o valor integral. Já a Bélgica é um dos países mais abertos do mundo: suas exportações somam US$ 295 bilhões, cerca de 58% de seu PIB.