sexta-feira, 4 de julho de 2014

Ingressos encontrados com cambistas estão em nome do filho do vice-presidente da Fifa

- O Globo

Funcionários da Match tentarão identificar origem as entradas apreendidas

Jornalista argentino postou um dos ingressos - Reprodução internet

 
Após o jornalista argentino Andréas Burgo revelar que ingressos descobertos nas mãos de cambistas estavam em nome do filho do vice-presidente da Fifa e responsável pelo Departamento de Finanças, Julio Grondona, a porta-voz da entidade, Delia Fischer, se recusou a comentar ou a citar o nome de Humberto Grondona. Ele admitiu ao canal por assinatura TyC Sports, de seu país, ter vendido algumas entradas a um amigo.

— Não posso comentar investigação em andamento. A Fifa é muito firme. Se alguém violou alguma regra, será punido, mas não podemos tirar conclusões precipitadas — afirmou Delia Fischer.
A Fifa foi informada pela Polícia Civil do Rio de que 59 dos ingressos apreendidos com uma rede de cambistas, chefiada pelo argelino Lamine Fofana, estão em nomes de duas das 30 agências credenciadas pela Match, empresa que lidera a venda de pacotes de hospitalidade e camarotes da Copa do Mundo-2014. Um funcionário e uma advogada da empresa, única empresa autorizada a vender ingressos e camarotes da Copa do Mundo, estiveram na manhã desta sexta-feira na 18ª DP (Praça da Bandeira) para fotografar os cerca de cem ingressos apreendidos com cambistas no Rio.

Segundo a Polícia Civil, a empresa tentará verificar, pelo número de série dos ingressos, para quem essas entradas tinham sido doadas.

Ainda de acordo com a polícia, por enquanto a Match está ajudando nas investigações. Mas, caso não colabore, será convocada formalmente, por meio de ofício, para tentar explicar a origem desses tíquetes. A polícia ainda deve tomar o depoimento formal do advogado José Massih, preso na Operação Jules Rimet, que desarticulou uma quadrilha internacional de cambistas de ingressos da Copa. O advogado foi preso em São Paulo e ainda está na delegacia.

Agora, os investigadores no Rio estão debruçados em ouvir escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, muitas delas em inglês e francês. Além disso, na manhã desta sexta-feira o delegado titular da 18ª DP, Fabio Baruk, participa de uma reunião no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio.

A Pamodzi Sports Marketing Nigeria Limited, credenciada para a venda na Nigéria, e a Jet Set Sports, fornecedor exclusivo para a Rússia, a Suécia e a Noruega, têm seus nomes gravados nos ingressos apreendidos e já foram chamadas a dar explicações.

Há também bilhetes de hospitalidade em nome da Relliance, da Índia, e da Atlanta Limited, dos Estados Unidos, que são sublicenciadas para a venda de pacotes de hospitalidade e de ingressos. A Atlanta seria de propriedade de Lamine Fofana.

Técnicos em segurança da Fifa já examinaram todos os ingressos apreendidos, hoje de manhã, e confirmaram que são verdadeiros.

— É bom ver que as autoridades estão tomando medidas contra essas irregularidades. Para que pessoas não comprem ingressos falsos ou comercializem ingressos por valores superiores ao real. Mas não vamos comentar sobre nomes até que a investigação seja concluída e que medidas sejam tomadas — afirmou a porta-voz da Fifa, nesta sexta-feira no Maracanã.

Em 2006, na Copa do Mundo da Alemanha, a Fifa mandou de volta para casa Ismail Bhamjee, membro do Comitê Executivo, que pertencia a Botswana, por ter vendido no mercado negro 12 ingressos que lhe foram dados por três vezes mais que o valor impresso.

— Hoje, temos um chip no ingresso que nos permite identificar a quem foi dado o ingresso, se é verdadeiro e todas as informações. Com base nisso, estamos trabalhando para que tudo seja aclarado, mas sem precipitação. Se alguém violou alguma regra, será punido — completou Delia Fischer.