Baixo crescimento e política fiscal estão entre as principais críticas
A agência de classificação de risco Fitch manteve o rating do Brasil em "BBB", mas alertou o país sobre os problemas que podem levar a um possível rebaixamento no futuro. Em comunicado divulgado nesta quinta-feira, a Fitch destacou pontos positivos e negativos da economia brasileira, e apostou em mudanças após as eleições deste ano. A perspectiva para a nota é estável.
Entre os acertos, a agência citou a forte capacidade de absorção de riscos do país, além das instituições relativamente bem desenvolvidas. A Fitch também elogiou o sistema bancário “adequadamente” capitalizado do Brasil. No entanto, o crescimento aquém do ideal do PIB e o baixo nível de investimento preocupam.
“A perspectiva estável reflete a avaliação da Fitch de que os pontos fortes e os riscos estão balanceados. A percepção dos analistas da Fitch não antecipa desenvolvimentos com grande possibilidade de levar a uma alteração do rating“, informou a agência.
A dobradinha de baixo crescimento e inflação em alta foi destacada pela agência. Segundo os dados da Fitch, o crescimento acumulado em cinco anos do Brasil ficou em 2,7%, abaixo da média de 3,2% dos países com grau “BBB”. A agência espera que o país tenha crescimento médio de 2% entre 2014 e 2016.
O cuidado com a meta fiscal também influenciou a avaliação. De acordo com a avaliação da Fitch, o baixo superávit primário (economia para pagar juros da dívida pública) do Brasil é um dos aspectos que devem ser melhorados.
“O governo tem confiado em receitas não-recorrentes para evitar uma deterioração mais rápida e é provável que em 2014 isso se repita. Isso destaca a necessidade do governo em controlar gastos, especialmente no contexto do moderado crescimento econômico, que deve restringir uma recuperação robusta na arrecadação”, diz a agência, que projeta que o déficit primário do governo fique em 4% do PIB neste ano.
Com as eleições marcadas para outubro, a agência, assim como a maioria dos analistas do mercado, aposta em mudanças a partir de 2015, independentemente do resultado das urnas.
“As pesquisas sugerem que as chances de segundo turno aumentaram. A Fitch acredita que o próximo governo vai enfrentar desafios em fazer ajustes para reduzir a inflação e colocar as contas públicas em uma direção mais sólida. Independentemente do resultado, a Fitch espera algum ajuste no ano que vem, embora o ritmo e o grau dessas reformas podem depender do vencedor e do tamanho da coalizão do governo”, analisou a agência.
Com a nota “BBB”, o Brasil se mantém na categoria de grau de investimento, o que é importante para atrair investidores estrangeiros, que utilizam as avaliações das agências de risco para definir onde aplicar o dinheiro.