Blog Josias de Souza - UOL
Afora uma irritação difusa com Dilma, ajuda a engordar o rol de apoiadores da CPI uma crescente aversão à atuação de Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente do Senado. Os deputados o acusam de fazer o jogo do Planalto em benefício próprio e em prejuízo da Câmara. Menciona-se, por exemplo, o projeto que fixa regras para a criação de novos municípios.
Aprovada na Câmara e no Senado, a proposta foi integralmente vetada por Dilma. Os deputados se equiparam para derrubar o veto, em sessão conjunta do Congresso. Porém, Renan ajudou a adiar a votação duas vezes para dar tempo ao governo de negociar uma alternativa. Os deputados o acusam de usar o projeto caro ao “fazer média” com Dilma, creditando-se do favor.
Entre os deputados do PMDB, a impopularidade de Renan é ainda maior. Criticam-no pela gula por cargos. Avalizou o nome do alagoano Vinicius Nobre Lages para a vaga de ministro do Turismo, que era cota do PDMB da Câmara. Na Petrobras, sustentam seus correligionários, Renan faz e acontece e o partido leva a má fama. Dito de outro modo: parte dos deputados cospe no prato em que REnan não os deixa comer.
Alheia às motivações dos governistas, a oposição celebra o milagre da multiplicação das rubricas. “Tínhamos 110 assinaturas na terça-feira”, contou Rubens Bueno. “Nesta quarta, chegamos a 143 à tarde. Muitos diziam estar prontos para assinar, desde que o Senado atingisse o número mínimo.
Quando chegou a notícia de que os senadores já estavam com as assinaturas, foi uma loucura! Subi à tribuna para informar que já tínhamos 173 assinaturas. Quando desci da tribuna, cinco deputados pediram opara assinar. Temos 178, por enquanto.”
Na ponta do lápis, o bloco da oposição, já reforçado pelo PSB, reúne 122 deputados. Quer dizer: no momento, há dentro do pedido de CPI pelo menos 56 filiados a partidos supostamente alinhados com o Planalto. Confirmandos-e as assinaturas, a CPI deve ser mista, com deputados e senadores.